segunda-feira, 13 de abril de 2009

O arquétipo revolucionário de Proudhon

Explicado o seu conteúdo teórico e político, qual seria a concepção anárquica do revolucionário? Provavelmente, passa muito longe do destruidor de governos ou o conquistador de palácios. Nem mesmo seria aquele que destitui o déspota e impõe o seu próprio, não cabe a ele, também, ser subordinado.

O ambiente para o revolucionário proudhoniano não é de caos, nem devastado por insurreições ou em meio às ruínas. Cabe-lhe viver em uma comunidade autorreguladora, emancipada, com cidadãos voluntários cooperando uns com os outros, num comércio livre que movimenta as diversas federações distantes dos opressores.

O revolucionário proudhoniano passa primeiro pelo estágio do autoconhecimento, reconhecendo a si mesmo como um princípio, um meio e um fim - uma individualidade que não é subjugada pelo coletivo, basta a ela seguir o princípio de cooperativismo, conquistando assim sua liberdade e sua particularidade. Utilizando da razão para alcançar meios mais estáveis para conduzir sua vida e daqueles que o cercam, nunca badernando ou utilizando da violência física para conquistar seus objetivos. É, antes de tudo, um revolucionário em si e para si.

Subjetivo até. Não é um conquistador esse revolucionário, nem mesmo um bajulador, e sim, um homem que aprendeu a reconhecer-se, esclarecido e educado, nobre, voluntário, imune à ideologias alheias, impossível reconhecer um tirano que possa domá-lo!

Mantenedor da paz e da harmonia, hostil àqueles que semeiam o desejo de poder e hierarquia. Não que seja dócil, longe disso, ele serve à necessidade, e se necessário defender seu estado de espírito, irá a luta - seja por meio do voto ou protesto, ele se impõe acima de qualquer forma de poder.

Um libertário que permeia nos sonhos utópicos dos pensadores? Um anti-herói que nada tem de novo nem de supra-humano, talvez... Esse estereótipo proudhoniano não é criado como modelo de homem, ele se faz, se estabelece como tal. Provavelmente um além-do-homem nietzschiano que não obedece à vontade de poder, mas que percebeu seu estágio como natural e imanente de sua espécie.

Talvez seja o contrário do gênio de Proudhon, tão ambíguo, que o uniu o revolucionário ao conservador, o libertário ao parlamentar, mas somente sua genialidade poderia perceber a anarquia como natural à sociedade, talvez utópico demais por ser verdadeiro e honesto em demasiado. Com ele, a utopia transcendeu às páginas para a realidade, Proudhon torna a utopia propriamente dita um direito do homem.

A utopia, assim como a sociedade sem hierarquias, é um processo natural do homem e, dessa forma, Proudhon afirma que devemos aceitá-lo.

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